Atenção, empresas: avaliação de riscos psicossociais será obrigatória a partir de 2025

Riscos psicossociais estão diretamente ligados à forma como o trabalho é organizado, às relações interpessoais e às condições de trabalho; entenda

A partir de maio de 2025, as empresas brasileiras terão que incluir a análise de riscos psicossociais na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Essa exigência é resultado da atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em agosto de 2024.

Entre os riscos psicossociais que deverão ser identificados e gerenciados pelos empregadores estão estresse, assédio, metas excessivas e carga mental elevada. A ideia é tornar o ambiente de trabalho mais saudável e minimizar problemas como ansiedade e depressão entre os trabalhadores.

 

Cenário empresarial no Brasil

De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023, o Brasil possui 4,5 milhões de empresas com empregados.

Destas, mais da metade (56,93%) têm entre 1 e 4 funcionários, representando 2,5 milhões de unidades. Este segmento apresentou um crescimento de 2,6% em relação a 2022, com destaque para os setores de serviços (+3,43%), comércio (+1,51%) e construção (+3,93%).

 

O que são riscos psicossociais?

Os riscos psicossociais estão diretamente ligados à forma como o trabalho é organizado, às relações interpessoais e às condições de trabalho. Esses fatores podem influenciar de maneira significativa a saúde física e mental dos trabalhadores, além de impactar o desempenho e a produtividade das equipes. Podemos citar como exemplo:

Metas inalcançáveis
Quando as metas estabelecidas são irreais ou excessivamente desafiadoras, os trabalhadores podem se sentir pressionados, gerando frustração, ansiedade e, em longo prazo, burnout.

Jornadas exaustivas
Horas excessivas de trabalho, especialmente sem períodos adequados de descanso, podem levar à fadiga, redução da capacidade de concentração e aumento de erros, além de impactar negativamente a saúde física.

Falta de suporte
A ausência de apoio de gestores, colegas ou da própria organização pode gerar sensação de isolamento e insegurança. Essa falta de suporte é um gatilho comum para problemas como depressão e queda no engajamento.

Conflitos no ambiente de trabalho
Desentendimentos constantes entre colegas ou entre líderes e subordinados podem criar um clima organizacional tóxico, prejudicando a comunicação, a confiança e o bem-estar geral.

Assédio moral e discriminação
Situações de humilhação, abuso de poder ou discriminação minam a autoestima do trabalhador e comprometem sua saúde mental.

Impactos dos riscos psicossociais:

  • Saúde mental: Riscos psicossociais estão diretamente ligados ao desenvolvimento de transtornos como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
  • Saúde física: Problemas como insônia, dores crônicas e doenças cardiovasculares podem ser desencadeados por estresse prolongado.
  • Produtividade: Funcionários sobrecarregados ou desmotivados tendem a apresentar menor produtividade, maior taxa de absenteísmo e rotatividade.

 

Estratégias para gerenciar riscos psicossociais:

Avaliação constante: Implementar ferramentas para identificar e monitorar os fatores de risco. Questionários anônimos e entrevistas podem ser úteis.

Promoção de um ambiente de apoio: Criar canais abertos para diálogo, oferecer suporte psicológico e estimular uma cultura organizacional saudável.

Treinamento de lideranças: Líderes precisam ser capacitados para gerenciar equipes de maneira justa, ética e empática, evitando sobrecargas e desentendimentos.

Organização do trabalho: Planejar metas realistas, dividir tarefas de forma equitativa e garantir períodos adequados de descanso.

Iniciativas de bem-estar: Oferecer programas de mindfulness, atividades físicas e palestras sobre saúde mental pode fazer uma grande diferença.

Com a atualização da NR-1, torna-se obrigatório para as empresas reconhecer e gerenciar esses fatores, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. A integração dessas práticas não apenas cumpre a legislação, mas também demonstra o comprometimento das organizações com o bem-estar de seus funcionários.

 

Como será a fiscalização?

A fiscalização caberá ao MTE, que priorizará setores com alta incidência de adoecimento mental, como teleatendimento, bancos e saúde. Os auditores-fiscais analisarão documentos, entrevistarão trabalhadores e observarão a organização do trabalho para identificar situações de risco psicossocial.

 

Empresas precisarão contratar especialistas?

Embora não haja obrigatoriedade de contratação fixa de psicólogos, as empresas poderão recorrer a consultores especializados para lidar com situações mais complexas e implementar medidas preventivas.

 

Por que essa mudança é importante?

Com a nova exigência, o MTE busca fortalecer ambientes de trabalho saudáveis, promovendo o bem-estar dos trabalhadores e reduzindo afastamentos por problemas de saúde mental. Empresas que já adotam boas práticas relacionadas aos riscos psicossociais estarão à frente na adaptação às novas regras.

Essa atualização reforça a gestão de riscos psicossociais como uma prioridade no Brasil, integrando a SST de maneira mais robusta e focada no equilíbrio entre produtividade e saúde dos trabalhadores.

 

 

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