Quase um terço dos profissionais negros enfrentam racismo no trabalho: saiba como denunciar

Estereótipos raciais, redução de oportunidades e assédio moral são exemplos de racismo no trabalho. Mas é possível mudar esse cenário!

O racismo no ambiente de trabalho ainda é uma realidade alarmante no Brasil. Um levantamento da Diversitera, startup dedicada à análise de dados sobre diversidade, equidade e inclusão nas organizações, revelou que entre junho de 2022 e julho de 2024, 28% das pessoas negras contaram ter sofrido algum tipo de preconceito, episódios de assédio ou de pequenas agressões no ambiente corporativo.

E tem mais: das pessoas entrevistadas, 9% afirmaram ter sido vítimas de racismo explícito. Esse dado reflete um problema estruturante que afeta não apenas a dignidade dos trabalhadores, mas o desempenho das organizações.

Os relatos de racismo no trabalho incluem diversas situações, como:

  • Estereótipos raciais: comentários preconceituosos sobre aparência, cabelo ou trajes tradicionais.
  • Falta de oportunidades: barreiras invisíveis para promoções ou participação em projetos importantes.
  • Assédio moral: piadas ou insinuações discriminatórias que constrangem o profissional.
  • Segregação velada: exclusão de eventos, decisões ou espaços de destaque.

Essas experiências não apenas afetam a saúde mental e emocional dos trabalhadores, mas reforçam desigualdades históricas dentro das organizações.

 

Racismo no trabalho: qual é a responsabilidade das empresas?

 

Diante dessa realidade, é fundamental que as organizações assumam uma postura proativa no combate ao racismo. Isso inclui:

Políticas claras de diversidade e inclusão

Ter políticas transparentes de diversidade e inclusão é essencial para criar um ambiente de trabalho mais justo e equitativo. Essas políticas devem garantir que todos os profissionais tenham as mesmas oportunidades de crescimento, independentemente de raça, gênero ou qualquer outra característica. Para tanto, podem ser necessárias:

  • Revisão de processos de recrutamento e promoção: certifique-se de que os critérios sejam objetivos e livres de preconceitos.
  • Metas claras: estabeleça objetivos mensuráveis para aumentar a diversidade, especialmente em cargos de liderança.
  • Transparência: divulgue as políticas internamente e comunique os resultados das ações realizadas.

 

Capacitação de lideranças

Gestores desempenham um papel fundamental na criação de um ambiente inclusivo. É essencial treiná-los para identificar e combater comportamentos discriminatórios, além de agir como exemplo para suas equipes.

  • Treinamentos regulares: ofereça workshops e palestras que abordem temas como viés inconsciente, empatia e liderança inclusiva.
  • Ferramentas práticas: forneça guias e roteiros para que líderes saibam como agir diante de situações de discriminação.
  • Avaliações contínuas: inclua a promoção da diversidade como parte das metas de desempenho dos líderes.

 

Espaços de escuta

Criar canais seguros para que funcionários relatem episódios de racismo é fundamental para entender as necessidades reais e agir de forma eficaz. Isso pode ser feito com:

  • Canais anônimos: disponibilize um meio de comunicação que permita relatos sem medo de represálias, como e-mails, aplicativos ou caixas de sugestões.
  • Comitês de diversidade: forme grupos compostos por funcionários de diferentes níveis hierárquicos para discutir e acompanhar esses relatos.
  • Apoio psicológico: ofereça suporte profissional às vítimas de racismo, como sessões de terapia ou orientação.

 

Ações afirmativas

Aumentar a presença de profissionais negros em posições de liderança exige a implementação de programas específicos que promovam essa mudança. Aposte em:

  • Mentoria e coaching: conecte talentos negros com líderes experientes para apoiá-los em suas trajetórias profissionais.
  • Programas de desenvolvimento: crie trilhas de capacitação voltadas para preparar profissionais negros para cargos estratégicos.
  • Parcerias: trabalhe com organizações externas especializadas em diversidade para atrair talentos.

 

Como os gestores devem agir diante de casos de racismo no trabalho?

 

Identificar o problema
Os gestores devem estar atentos a sinais de discriminação, como comentários inadequados, exclusões em reuniões ou diferenças de oportunidades. Para isso, é importante observar comportamentos e ouvir as equipes.

 

Agir de forma imediata e assertiva
Ao identificar um episódio de racismo, é essencial intervir de forma imediata. Isso inclui chamar a atenção do agressor, oferecer apoio à vítima e registrar o caso nos canais apropriados.

 

Implementar programas educativos
Gestores podem incentivar iniciativas como palestras e workshops para educar a equipe sobre racismo e inclusão. Essas ações devem ser contínuas para reforçar o compromisso da empresa.

 

Prevenir futuros episódios
A prevenção passa por criar um ambiente onde a discriminação não seja tolerada. Isso pode incluir a revisão de políticas internas, a promoção de uma cultura de respeito e a inclusão da diversidade como um valor central da empresa.

 

Como denunciar casos de racismo?

Se você ou alguém que você conhece foi vítima de racismo no trabalho, é importante denunciar. Além de relatar o caso internamente à empresa, também é possível buscar ajuda externa, como fazer boletim de ocorrência diretamente em uma delegacia de polícia.

O SindiFast também pode te ajudar! Denuncie pelo canal Fale Conosco.

 

Por que denunciar faz a diferença?

A denúncia é um passo crucial para enfrentar o racismo no trabalho. Além de responsabilizar os envolvidos, ela auxilia na criação de um ambiente mais justo e igualitário para todos. Quando mais pessoas tomam essa atitude, o tema ganha visibilidade, incentivando empresas e instituições a adotarem práticas mais inclusivas.

O combate ao racismo é um compromisso coletivo. Denuncie, compartilhe informação e seja parte da mudança.

 

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