Por que profissionais 50+ são tão importantes para as empresas
Mesmo com experiência consolidada e histórico de atuação em grandes empresas, profissionais com mais de 45 anos ainda enfrentam resistência na hora de buscar uma nova oportunidade. O preconceito etário segue presente nos processos seletivos e impacta diretamente a reinserção de trabalhadores no mercado, mesmo em áreas onde a vivência prática e a maturidade são diferenciais competitivos.
Essa exclusão de profissionais 50+ não apenas compromete o bem-estar deles, como representa uma perda para as organizações. Em um contexto de envelhecimento da população e aumento da longevidade, ignorar o potencial dos trabalhadores mais experientes significa desperdiçar conhecimento, eficiência e produtividade.
O retrato do mercado de trabalho brasileiro
Segundo o IBGE, a participação de pessoas com mais de 50 anos na força de trabalho brasileira já ultrapassa 27%, superando a representação da Geração Z. Ainda assim, muitas empresas hesitam em contratar candidatos mais velhos, reforçando estigmas relacionados à capacidade de aprender e se adaptar.
Esse viés etário não se sustenta diante dos dados. Levantamento da McKinsey aponta que trabalhadores com mais de 45 anos são considerados, por uma ampla maioria de empregadores, tão produtivos quanto os mais jovens (ou até mais), além de apresentarem maior estabilidade e permanência nas empresas.
Tecnologia também é parte da rotina dos mais experientes
A ideia de que apenas os mais jovens dominam novas tecnologias vem sendo desmentida por estudos que mostram a adesão crescente de profissionais 50+ a cursos e certificações em áreas digitais. A busca por qualificação, incluindo o aprendizado de ferramentas como Inteligência Artificial e análise de dados, está presente em todas as faixas etárias.
O receio frente às inovações também é um sentimento comum entre trabalhadores de diferentes gerações, indicando que a resistência à tecnologia não é determinada pela idade, mas sim pela falta de acesso a formação e apoio.
A senioridade como diferencial
Contratar profissionais 50+ experientes tem se mostrado uma estratégia vantajosa para muitas organizações. Além de resultados satisfatórios, empresas relatam maior comprometimento e menor rotatividade nesse perfil. A diversidade etária nas equipes também contribui para o desenvolvimento de soluções mais criativas, robustas e alinhadas com um mercado plural.
Apesar disso, ainda faltam políticas consistentes de inclusão geracional. A ausência de treinamentos continuados, a falta de processos seletivos mais justos e a cultura organizacional pouco receptiva à senioridade dificultam a valorização desses profissionais.
Caminhos para um mercado mais inclusivo
Tornar o mercado de trabalho mais justo passa pela construção de ambientes corporativos multigeracionais. A inclusão geracional deve estar presente desde os processos de seleção até os programas de desenvolvimento e liderança. Entre as medidas recomendadas estão:
- Oferta de capacitação regular e acessível a todos os colaboradores;
- Revisão de políticas de recrutamento com foco em habilidades e experiência;
- Validação do conhecimento acumulado como ativo da empresa;
- Incentivo à troca de experiências entre diferentes gerações.
A experiência profissional não deve ser tratada como um limite, mas como um recurso estratégico. Um mercado de trabalho verdadeiramente inovador reconhece que a capacidade de aprender, criar e contribuir vai muito além da data de nascimento.
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