A mulher no mercado de trabalho

Embora existam muitos pontos para evoluir, a força feminina tem ganhado espaço no mercado de trabalho brasileiro

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE) no Dia Internacional da Mulher (8 de março) apontou que a taxa de desemprego entre as mulheres diminuiu desde 2012 no Brasil, mas continua superior à dos homens. De acordo com o levantamento, o índice de desempregadas em 2021 era de 16,45%, o que representa mais de 7,5 milhões de mulheres fora do mercado – índice acima da média geral anual (13,20%) registrada no mesmo ano.

O estudo foi feito com base na análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) de 2021 do IBGE. Segundo a FGV, entre os anos de 2014 e 2019, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho cresceu e atingiu 54,34%. Já em 2020, no auge da pandemia, o índice recuou para 49,45%. Em 2021, houve uma melhora para 51,56%.

Mesmo com a leve melhora, os números ainda estão bem abaixo dos registrados entre os homens. Em 2012, eles tinham 74,51% de participação no mercado de trabalho. Em 2020, o índice caiu para 69,78% e, em 2021, aumentou para 71,64%. O estudo aponta a disparidade de gênero que ainda ocorre no mercado de trabalho. Entenda:

O estereótipo das profissões femininas

As ocupações tradicionalmente associadas às mulheres são aquelas funções que derivam do papel histórico social atribuído a elas como uma figura de “mulher cuidadora”. São profissões que geralmente possuem status social e remuneração inferiores. Além disso, as condições de trabalho e a hierarquia nas instituições ainda desfavorecem as mulheres em relação aos colegas do sexo masculino. Os cargos de chefia na grande maioria dos setores de estabelecimentos de fast food, por exemplo, ainda são exercidos por homens.

E mesmo depois que as mulheres conseguem vencer as barreiras e os preconceitos para a entrada no mercado de trabalho em determinadas áreas, elas ainda enfrentam muitas dificuldades para equiparar os salários, por isso, é importante fomentar a discussão sobre a disparidade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

Acúmulo de tarefas e carga mental

Um dos fatores que mais contribuem para esse quadro desigual no mercado de trabalho envolve aspectos históricos, culturais e sociais. Mesmo com todo o avanço na discussão do tema na sociedade, as mulheres continuam sendo as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, pelo cuidado com os filhos e outras responsabilidades familiares.

A mulher, dessa forma, continua acumulando papéis mesmo quando está inserida com sucesso no mercado de trabalho. E conciliar a vida profissional com as atividades pessoais ainda é um grande desafio para as mulheres. O tempo gasto por elas nos serviços domésticos aumenta a probabilidade de que elas busquem atividades informais, empregos de meio-período com salários menores ou até mesmo que deixem o mercado de trabalho.

A dupla jornada feminina não está apenas na sobrecarga de trabalho e responsabilidades. Ela reside também na rejeição do mercado em relação à mulher que possui responsabilidades familiares. Por exemplo, uma profissional que tem filhos, muitas vezes, é prejudicada em seleções de emprego ou em promoções para cargos de chefia dentro de uma empresa.

E quais são as alternativas para reduzir essas diferenças?

Os avanços nesse campo necessitam de mudanças que envolvem normas sociais e culturais sobre o papel de gênero dentro dos domicílios e no mercado de trabalho, algo que nem sempre pode ser atingido em curto prazo, mas que precisa ser pensado desde a infância.

As opções para diminuir o abismo que ainda separa homens e mulheres no mercado de trabalho envolvem políticas públicas que priorizem a ampliação de vagas em pré-escolas, creches e escolas de tempo integral, para que as mães de todas as classes sociais tenham condições de trabalhar.

Além disso, é essencial e inadiável incentivar o debate construtivo e a desconstrução dos papéis sociais de gênero para edificar um mercado de trabalho e uma sociedade mais igualitários em oportunidades para homens e mulheres.

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