Os desafios para as mães no mercado de trabalho

Pesquisa aponta que mulheres com filhos ainda são prejudicadas na carreira

A participação das mulheres no mercado de trabalho tem crescido nas últimas décadas, mas ainda existe uma grande desigualdade quando comparamos a situação de homens e mulheres, principalmente as mães. Pesquisas apontam que as mães no mercado de trabalho ainda são penalizadas e enfrentam mais dificuldade do que colegas do sexo masculino.

 

Realidade mundial

Uma pesquisa realizada pela London School of Economics and Political Science, em parceria com Universidade de Princeton, comparou a condição de trabalhadores em 134 países, com e sem filhos. A pesquisa constatou que 24% das mulheres deixam o emprego no primeiro ano de vida do filho e 15% permanecem afastadas depois de uma década. No Brasil, os dados são ainda mais críticos: 42% das novas mães deixam suas ocupações a partir do nascimento do primeiro filho e 35% seguem nessa condição após 10 anos.

A realidade é a mesma entre as mulheres empreendedoras. De acordo com um relatório do Sebrae sobre empreendedorismo feminino, as mulheres abrem negócios tanto quanto os homens e têm maior grau de escolaridade, mas faturam menos e suas empresas fecham mais rápido. Essas diferenças podem têm suas raízes em questões sociais e culturais. As mulheres dedicam 18% menos horas ao negócio do que os homens, já que cuidam da família e das tarefas domésticas. E tem mais: 76% das mulheres sentem sobrecarga ao tentar equilibrar os cuidados com a família e a empresa, em comparação com 55% dos homens.

O relatório do Sebrae ainda destaca que muitas mulheres empreendem em decorrência do desemprego ou porque não possuem alternativa de renda. Muitas perdem os empregos após a maternidade ou necessitam de horários mais flexíveis para conciliar a carreira com a jornada familiar.

 

Por que as mães no mercado de trabalho ainda são penalizadas?

Como vemos, a maternidade é uma experiência transformadora na vida de muitas mulheres, mas também é um fator que impacta diretamente na participação feminina no mercado de trabalho. Questões como licença-maternidade, falta de creches acessíveis e o estigma associado à gravidez e à maternidade no local de trabalho contribuem para essa disparidade.

Uma das principais razões pelas quais as mães no mercado de trabalho enfrentam dificuldades em se manter ou ingressar em um emprego é a falta de apoio institucional e de políticas que garantam a conciliação entre trabalho e família. Muitas vezes, as mulheres são forçadas a escolher entre suas carreiras e a maternidade, devido à falta de flexibilidade no local de trabalho e à ausência de medidas que promovam um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal.

Além disso, a discriminação de gênero persiste em muitos setores, resultando em disparidades salariais e oportunidades limitadas de progressão na carreira para as mulheres, especialmente aquelas que são mães. A percepção de que as mulheres são menos comprometidas ou menos produtivas após se tornarem mães contribui para a discriminação no ambiente de trabalho.

A falta de políticas de licença parental remunerada também é um fator significativo que afeta a participação das mães no mercado de trabalho. Muitas mulheres são obrigadas a retornarem ao trabalho logo após o parto devido à pressão financeira, o que pode impactar negativamente na saúde física e emocional delas, além de prejudicar o vínculo com seus filhos.

 

O que fazer para melhorar a situação?

É crucial que os governos e as organizações adotem medidas para promover a igualdade de gênero no local de trabalho e eliminar as barreiras que impedem as mulheres de prosperar profissionalmente. Isso inclui a implementação de políticas de licença parental remunerada, a criação de infraestrutura de cuidados infantis acessíveis e a promoção de uma cultura organizacional inclusiva e livre de preconceitos.

As empresas também têm um papel fundamental na promoção da igualdade de gênero e na criação de ambientes de trabalho que apoiem as necessidades das mães trabalhadoras. Isso envolve a implementação de políticas de flexibilidade no trabalho, programas de mentoria e desenvolvimento de liderança para mulheres e a sensibilização sobre os desafios enfrentados pelas mães no trabalho.

Além disso, é essencial desafiar estereótipos de gênero arraigados e promover uma mudança cultural que valorize o trabalho das mulheres, independentemente de seu estado civil ou parental. Isso requer um esforço coletivo de indivíduos, organizações, governos e a sociedade em geral para criar um ambiente onde todas as pessoas tenham igualdade de oportunidades e sejam tratadas com dignidade e respeito.

Em última análise, a inclusão das mulheres no mercado de trabalho não apenas promove a igualdade de gênero, mas também impulsiona o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Quando as mulheres têm a oportunidade de participar plenamente da força de trabalho, todos se beneficiam.

 

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